A evolução digital transformou profundamente a forma como os consumidores acedem à informação e tomam decisões sobre o seu dinheiro. Num contexto de crescente presença online, o Banco de Portugal disponibilizou recentemente um episódio do seu podcast institucional (publicado no seu canal de YouTube e meios digitais), que aborda um tema de extrema atualidade: a ética e responsabilidade na forma como se publicitam produtos e serviços financeiros, com especial destaque para a atuação dos influenciadores digitais na área financeira – os chamados Finfluencers.
Ouça o podcast na íntegra neste link: Podcast do Banco de Portugal – Episódio sobre publicidade a produtos de crédito e Finfluencers
A reflexão é conduzida por Francisca Guedes de Oliveira, administradora do Banco de Portugal com o pelouro da supervisão comportamental, e assume particular relevância num país onde o nível de literacia financeira permanece aquém do desejável. A responsável alerta para a necessidade de garantir uma comunicação transparente, responsável e adequada ao perfil dos consumidores, sobretudo no setor do crédito, onde os riscos são particularmente elevados e os impactos de más decisões podem ser duradouros.
As redes sociais tornaram-se um meio privilegiado de acesso à informação, especialmente entre os mais jovens. O último inquérito do Banco de Portugal sobre literacia financeira digital (2023) revela que os consumidores entre 16 e 24 anos recorrem principalmente às redes sociais como fonte de informação sobre produtos e serviços financeiros. Este comportamento contrasta com gerações mais velhas, que continuam a confiar principalmente nas instituições financeiras – embora também através de meios digitais.
Uma das principais preocupações levantadas no podcast é a dificuldade em distinguir o que é uma opinião pessoal, conteúdo patrocinado e publicidade. Em muitos casos, os Finfluencers promovem produtos financeiros em troca de compensações pagas por instituições ou marcas, sem declarar isso de forma clara e visível. Esta prática fere o princípio da transparência e compromete a proteção dos consumidores.
O Banco de Portugal não tem poderes legais para supervisionar diretamente os Finfluencers, dado que estes não são instituições autorizadas nem sujeitas à sua supervisão. No entanto, quando há promoção de produtos ou serviços por entidades supervisionadas, ou indícios de atividade de intermediação não autorizada, o regulador pode intervir.
A nova regulamentação sobre publicidade a produtos e serviços bancários, em vigor desde 2024, impõe regras mais rigorosas quanto à clareza, verdade e equilíbrio da informação veiculada. O Banco de Portugal está a reforçar a sua atuação, incluindo o uso de ferramentas de inteligência artificial para rastrear e sinalizar conteúdos suspeitos nas redes sociais.
No setor da intermediação de crédito, onde o CrediDesk opera, este alerta reveste-se de especial importância. A atividade de geração de leads, a apresentação de simulações, a comunicação das condições de financiamento e o acompanhamento de clientes devem obedecer a princípios éticos inabaláveis.
O papel do intermediário de crédito é altamente sensível, pois atua em um momento decisivo na vida dos consumidores. A apresentação de produtos de crédito – seja pessoal, automóvel, habitação ou consolidado – deve ser feita com clareza, isenção e pleno respeito pelas necessidades e perfil de risco do cliente.
A comunicação, especialmente nos canais digitais, não pode ser redutora nem apelativa ao ponto de induzir comportamentos por impulso. O marketing de crédito não é comparável à venda de um produto de consumo. Envolve compromissos financeiros de longo prazo, impactos orçamentais relevantes e riscos que exigem avaliação cuidadosa.
Todos temos um papel a desempenhar. A administradora do Banco de Portugal foi clara: todos os stakeholders têm um papel de responsabilidade no ecossistema financeiro. Desde o regulador até aos profissionais da banca e intermediação, passando pelos próprios consumidores e, claro, os novos protagonistas do espaço digital. É necessário reforçar os mecanismos de verificação, denunciar práticas abusivas, incentivar a literacia financeira e fomentar uma cultura de transparência e rigor na comunicação de produtos de crédito.
O CrediDesk assume, desde a sua fundação, este compromisso com a ética e a responsabilidade. A nossa plataforma promove uma intermediação de crédito informada, transparente e suportada por tecnologia, valorizando o acompanhamento, o cumprimento das normas legais e a proteção dos consumidores.
O episódio do podcast reforça a importância de formar os consumidores para lidar com a nova realidade digital, dotando-os das ferramentas necessárias para identificar fontes credíveis, interpretar informações financeiras e proteger-se de propostas enganosas.
Iniciativas como o concurso académico, a campanha #FicaADica, com vídeos curtos e linguagem acessível e a Semana da Formação Financeira, integrada na Global Money Week, são exemplos concretos do esforço do Banco de Portugal para contrariar os riscos crescentes num ambiente digital hiperativo e, muitas vezes, pouco regulado.
A mensagem final deixada neste episódio do podcast é clara: “Pense antes de seguir”. Este é, aliás, o mote da próxima Semana da Formação Financeira, reforçando a ideia de que decisões financeiras exigem ponderação, leitura atenta e sentido crítico.
Enquanto empresa tecnológica ao serviço da intermediação de crédito, o CrediDesk subscreve este apelo na íntegra. Convidamos todos os profissionais do setor – comerciais, intermediários, formadores e líderes de equipas – a reverem os seus conteúdos, práticas comerciais e estratégias de marketing à luz dos princípios de responsabilidade e ética que este episódio destaca.
Porque comunicar crédito é, acima de tudo, comunicar compromisso, confiança e futuro.
Ouça o podcast na íntegra neste link: Podcast do Banco de Portugal – Episódio sobre publicidade a produtos de crédito e Finfluencers
Mais informações em: Banco de Portugal